Blogs do Ano - Nomeado Família
logo
img

Filhos

E ao terceiro dia...

Por Inês

... o Miguel chorou. Claro! Como 90% das crianças da idade dele (número fruto de estudo científico de rigor profundíssimo), e mais novas e mais velhas. Todas iguais.

Nos primeiros dias correu tudo lindamente. Tivemos a sorte  do Miguel apaixonar-se perdidamente pela sua educadora. Não seria difícii, ela é muito amorosa, serena e segura, gostamos todos muito dela. O Miguel apenas quer estar com ela.

Quando chegámos ao terceiro dia, a educadora não estava, vinha já. O Miguel agarrou-se a mim como uma lapa, apenas passaria para os braços da sua querida educadora, mais ninguém.

Eu ali, ele não desatava e o Pedro ao longe, a ver a cena de soslaio. Para manter ciúmes ao largo, e até agora com muito sucesso, porque os manos dão-se muito bem e não há ciúmes nenhuns, trato-os MESMO de igual forma. Os beijos que dou a um, dou ao outro, mas sobretudo os raspanetes que dou a um dou ao outro. Sim, o bebé Miguel leva grandes raspanetes, até já ficou de castigo, não há cá "mas ele é um bebé...", quando muito há "mas não vês que és muito mais forte e crescido?". 

Retomando, quando a educadora chegou, o Miguel passou todo contente para os seus braços, sem problema, eu respirei de alívio e fui equilibrar os pratos da balança. Fui ter com o Pedro, dei-lhe um beijinho, estive a ver os dentes novos do coleguinha, dois dedos de conversa. Deixei-me ficar! Eu não estou isenta de culpas, mas sempre direi que agi com negligência, não dolo. Deixei-me ficar, basicamente. 

Quando me fui embora, passo pelo bebé Miguel, vou a dizer adeus, mas já nem me saiu o som. M desata num berreiro, que eu ia para a forca e corre para os meus braços. Desandou tudo.

Fiquei com peninha dele e surpreendida, estava a ver que ia conseguir safar-me sem choros, mas eles lá chegaram proféticos. E ele apanhou-lhe o jeito num instante, não faltou a essa aula do Curso Avançado de Terrible Twos, não. Agarrou-se a mim como uma carraça, berrava que se ouvia ao fundo da rua e debatia-se desesperado a cada tentativa de o deixar. 

Eu fiquei ali, naquela indecisão, passo-o agora, deixo acalmar, help! A educadora pediu para o passar e ele lá ficou, a chorar muito, a ser distraído, muito triste. Eu fiquei com um nó gigante na garganta, claro, mas teve de ser. Disse-lhe que ia ser mais um dia de brincadeira, que eu voltava ao fim do dia, que o mano estaria lá. E vim embora, fiquei a vê-lo de longe, a acalmar-se consolado com beijinhos. 

Penso que nestas situações temos mesmo de ser a mãe, o adulto, o líder. Ele não tem outra mãe, cabe-me a mim ser forte. Não podemos hesitar, não podemos fazer cara triste, chorar então, pelo amor de deus (!!!), não podemos passar para eles menos do que confiança, boa disposição e inevitabilidade. A nossa hesitação é o pior de tudo, é a brecha por onde transborda a insegurança deles, onde se desenrola o drama.

Connosco resulta sempre bem a maior simplicidade. Bebé Miguel desde o primeiro dia ficou o dia inteiro e as despedidas são curtas e doces. Também foi assim com o Pedro. O chove e não molha do "período de adaptação", da mãezinha que se deixa ficar, do coitadinho do menino, ou pior (!), da coitadinha da mãe que fica com muitas saudades e a quem dói muito deixar o seu menino, na hora de os deixar, não pode mesmo transparecer. Se nós mostramos pena e dor por eles ficarem num infantário, que dirão eles, que são os bebés, que são os que efectivamente ficam no infantário? É mais que lógico, se nós hesitamos, eles instalam a dúvida, se nós ficamos tristes, eles choram, se nós apenas os deixamos duas horas, como lhes justificar o dia inteiro? Com ambos eu consegui estar plenamente disponível para ir buscá-los assim que preciso, bastava um telefonema da educadora. E o telefone nunca tocou.

Ser mãe não é para mariquinhas e na hora H, temos mesmo de engolir as lágrimas. Choramos cá fora. 

Durou dois dias, o choro. Ontem fez beicinho, hoje foi a correr para os braços da sua querida educadora. Tudo está bem. Até aos próximos episódios!

Clique na Imagem para ver a Galeria

squareimg

Deixe o seu comentário

2 comentário(s)

Inspired09 de Setembro, 2015 às 17:01:54
Responder

Concordo plenamente com tudo, Inês! Por cá, estes dias também têm sido terríveis, de muito choro, da minha filhota a trepar por mim a cima... Estou com o meu stress em níveis nunca vistos, mas nunca hesitei à frente dela! A partir do momento em que vi o pai a vacilar, passei a ser eu a dar o corpo às balas e a ir sozinha. Não me fez bem, mas interessa é que a pequenita tenha uma adaptação tranquila à nova vida! Um beijinho!

Inês S. 14 de Setembro, 2015 às 11:46:34

Muito força, espero que esta semana já seja mais fácil! Beijinho e obrigada

Publicações relacionadas

Instagram